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2018.2 Bacharelado de Teatro Formatura BT22

O ESPECTADOR CONDENADO À MORTE

Texto Matéi Visniec
Direção Adriana Maia

nov/2018

Teatro Municipal Maria Clara Machado
Planetário da Gávea
Av. Padre Leonel Franca . 240

Escrita por Matéi Visniec, considerado por muitos como o “novo Ionesco”, O Espectador Condenado À Morte, peça em que um espectador se vê transformado em personagem cumpre temporada de 7 a 29 de novembro no Teatro Municipal Maria Clara Mahado, na Gávea. Com direção de Adriana Maia e 18 jovens atores formados pela Faculdade CAL de Artes Cênicas no elenco.

O espectador condenado à morte é uma comédia impetuosa de humor negro que satiriza o sistema judiciário e os julgamentos arbitrários da sociedade moderna. Personagens em situações incoerentes e agindo de forma absurda desfilam pelo palco. O texto de Matéi Visniec, escrito em 1985 ainda na ditadura romena de Ceaucescu, se passa na sala de um tribunal. Um tribunal implacável, que não leva em conta a inocência de um suposto acusado, atribuindo ao indiciado faltas e erros que transformariam qualquer pessoa inocente em réu. “É teatro dentro do teatro”, explica a diretora Adriana Maia. “A quarta parede é irreversivelmente bombardeada: realidade e ficção se misturam. Um texto híbrido que mistura gêneros e estilos: pode se encontrar o teatro absurdo de Ionesco, assim como o surrealismo de Kafka e o existencialismo de Camus em várias passagens da obra. Matéi Vişniec nos transporta com sua prodigiosa imaginação para um universo mordaz e derrisório podendo até confundir a plateia: será realidade ou ficção o que está acontecendo no palco? A escolha do local – a sala de um tribunal - incorpora todos os espectadores neste processo (de justiça ou de ensaio?) para que o público realmente se perceba como um membro de uma corte judicial”, completa Adriana.

O inusitado do texto de Visniec, - um romeno naturalizado francês, que vive e trabalha na França há 28 anos, desde que se refugiou em fuga da ditadura de Nicolae Ceausescu - quem vai a julgamento é uma pessoa que faz parte do público: o espectador é condenado pelo tribunal de um novo gênero teatral, pois permanece imóvel em relação às propostas do diretor, dos atores e, em última análise, do autor. Na sala reina um desconforto, pois o acusado é um mau espectador! Juiz, procurador, defensor, escrivão, cada um tem o seu ponto de vista. E as testemunhas são os funcionários do teatro que são arrolados para dar o seu depoimento: o bilheteiro, a camareira, a garçonete do bar, o diretor, o escritor... E no decorrer da peça o público assiste de forma passiva essa condenação sem se rebelar. E haja nervos! O pobre espectador que pagou pelo seu lugar se torna a grande vítima de uma cena delirante e hilariante. Mas esse espectador é culpado do quê? De ficar calado, de não agir quando a justiça perde o rumo e a razão. Mas quem está cena em cena: membros de um tribunal ou atores em ensaio? Aos poucos, cada vez mais solitários diante de si mesmos, o tribunal e as testemunhas passam da acusação à autocrítica: todo mundo é culpado quando a justiça é uma farsa; quando a encenação é uma farsa.

  • Texto

    Matéi Visniec

  • Direção

    Adriana Maia

  • Diretor Assistente

    Gilberto Góes

  • Direção musical

    Edvan Moraes

  • Luz

    Anderson Ratto

  • Cenário

    Silas Pinto

  • Figurinos

    Magdalena Vianna

  • Voz

    Rose Gonçalves

  • Corpo

    Soraya Bastos

  • Projeto gráfico

    Rita Ariani

  • Fotografia

    Pablo Henriques

  • Assessoria de imprensa

    Ana Gaio

  • Assistentes de produção

    André Julião

    Dayene Ruffo

  • Direção de Produção

    Marcia Quarti

  • Realização

    CAL – Casa das Artes de Laranjeiras

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